tag:blogger.com,1999:blog-60627564665958089882024-03-13T08:29:04.912-03:00Lugar do AfetoLugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.comBlogger82125tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-78669695012229937492014-10-29T09:52:00.000-03:002014-10-29T09:52:07.384-03:00Mentiras e verdades<span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}">Mal não fazia. Era uma mentira feliz. Era sim! Mas a verdade estragou tudo. Às vezes, a verdade, mesmo sendo bonita de tão nobre e verdadeira, deixa a gente triste.</span>Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-6375258409161342482014-10-29T09:31:00.000-03:002014-10-29T10:22:13.042-03:00Sobre dedos e anéisHoje encerrei o meu luto. O luto por mim mesma, por este pedaço de dedo que não vai voltar a existir. Estou curada. Não quero mais ter pena de mim. Foram quase dois meses em que muitas coisas foram amputadas dentro de mim; dependendo dos outros para muitas coisas de ordem prática e também afetiva. Fiquei frágil, triste e perdida...<br />Perdi um pedaço pequeno do corpo e com ele, minha autoestima, minha vaidade, minha alegria. Sem o meu curativo, me sinto nua, sem a menor sensualidade, o que é pior. A deformidade da minha mão é algo que vou ter que aprender a lidar daqui por diante, além da mobilidade parcialmente prejudicada. Mas é preciso jogar o jogo do contente o tempo todo nesta vida, afinal, como não canso de ouvir (e também de refletir), poderia ter sido um braço, uma perna, mas foi só uma falange... Pura verdade! Mas cada um luta como pode com seus fantasmas e monstros. E na conta da falange, também foram algumas outras coisas importantes.<br />Todavia, a vida tem suas compensações e se perdi parte de um dedo, também recebi muitas mãos amigas. E elas vieram da forma mais doce e despretensiosa de onde eu menos esperava e eu nunca vou esquecer. Gratidão.<br />E como dizem, "vão-se os dedos, ficam os anéis". Nunca um provérbio popular fez tanto sentido para mim. E que anéis lindos e valiosos me restaram: verdadeiras jóias! E bem, eu não pensava em ser pianista mesmo...Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-3983722955474935532014-04-16T09:17:00.004-03:002014-04-16T09:34:33.935-03:00Extraviado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-dwj0hV0yvDo/U05wdUb4bxI/AAAAAAAAAM8/Wmu3ManOpT8/s1600/mala-vintage.jpg" height="265" width="400" /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;">(Foto capturada na internet. Autor desconhecido. Se alguém souber a autoria desta imagem, mande-me uma mensagem)</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Precisava desfazer as malas, mas lhe faltava a coragem. Desfazê-las era como assumir que tinha voltado de onde nunca quisera partir. Pois que o seu coração não voltou junto com a bagagem. Fora extraviado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">(março/2014).</span></div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-51478923801730233972014-04-03T21:08:00.001-03:002014-04-03T23:06:42.021-03:00AstronautaNão era o príncipe que ela esperava... Era o astronauta, pois que vivia no mundo da lua!Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-6181815053406549492014-02-20T00:42:00.001-03:002014-04-03T21:06:22.418-03:00Sem reembolso<div style="text-align: justify;">
Comprou uma passagem para um lugar que nunca existiu. Era dessas que inventava lugares, pessoas, amores e até desamores. Adorava inventar histórias que escrevia em seu livro de afetos e alguns desafetos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nunca teve muita intimidade com o amor. Na verdade, nunca soube amar e se deixar ser amada, mas se tinha algo que sabia fazer era escrever. Não era no amor que ela costumava se aventurar, mas na escrita.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pensou em desistir, mas o bilhete na mão era intransferível e sem reembolso. Esse capítulo já estava finalizado, quitado e o bilhete... impresso, ou melhor, eram as páginas daquela história que já estavam impressas.<br />
Sem reembolso... Ela pensou por um instante nessa condição: tudo que gastara que, todavia, não tinha valor monetário; tantos dias e noites, tantas palavras, tantas horas de fantasias, ansiedades e planos... todo aquele investimento não teria reembolso caso algo desse errado no meio do caminho!</div>
<div style="text-align: justify;">
Pensou na conta e refletiu pesarosa: porque não escreveu o final antes do começo? Porque não evitou que sua personagem comprasse aquele bilhete? Sempre fora melhor escritora do que amante! E agora ela com aquele bilhete na mão para um destino incerto, que sequer existia no mapa, era a sua própria personagem perdida no meio da estação, tendo como bagagem um coração na mão. Gostava de finais dramáticos e talvez aquele fosse um bom final para a sua história. O trem passou e ela não embarcou nunca. Ao invés disso, pôs-se a escrever como sempre fizera. Nunca chegou ao destino e a história, assim ficou: sem reembolso.</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-40386086591883502022013-09-16T02:24:00.004-03:002013-09-16T11:42:07.835-03:00Sobre amor, café, cigarros e manhãs<div style="text-align: justify;">
A lembrança mais bonita que tenho dele não é de nada que ele tenha feito para mim ou por mim. É a lembrança de uma cena, aparentemente boba e banal, de um momento em que ele era simplesmente ele, resumido em dois ou três gestos ao acordar, mas que guardei fotograficamente na memória.</div>
<div style="text-align: justify;">
Acordar com ele tinha som de água caindo, metal riscando o alumínio e cheiro misturado de amor, café e cigarro. Acordava, levantava de mansinho para não me despertar da minha preguiça matinal, fazia um café bem forte e acendia um cigarro. Eu ficava na cama e abria os olhos preguiçosamente, acordando aos poucos com os sons e cheiros que vinham da cozinha. Da cama eu podia vê-lo pela bancada da cozinha americana, fumando o seu cigarro em frente ao fogão, com ar pensante e concentrado, num instante que era tão e somente dele que eu não ousava interferir. Às vezes, eu ficava minutos observando e admirando ele naquela rotina. E eu não sei explicar direito, só sei que eu gostava do que ele era simplesmente naquela hora. E o achava tão bonito com os botões dele, envolvido naquela luz da manhã que entrava pelo balancim da cozinha e se misturava na fumaça do cigarro e no vapor do café, criando desenhos arabescos em torno dele. Às vezes, ele me olhava de lá, sorria e dizia baixinho "dorme mais um pouco" e dava uma piscadinha. Eu sorria e fazia charminho.</div>
<div style="text-align: justify;">
Essa é a lembrança mais marcante que tenho de acordar com ele. E quando eu o olhava naquela cena, eu sentia que podia gostar dele pra sempre só por causa daquela fotografia: ele, o cigarro, a fumaça, o vapor do café e a luz do dia... Que todas as noites eram de amor naqueles dias felizes e saber do que éramos um na vida do outro já eram suficientes para justificar minha benquerença. Mas era naquela hora em que eu podia contemplá-lo pela manhã, tão envolvido consigo mesmo, seus hábitos e seus próprios pensamentos que eu sentia a intimidade e a eternidade instalada entre nós. Sempre digo que entre dormir com alguém e acordar junto de alguém existem graus diferentes de intimidade. E eu gostava da sensação de acordar com a casa, com os lençóis e com o meu coração repletos dele e dos cheiros dele.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando acabava o cigarro e o ritual do café, ele parecia voltar cheio de ideias e se deitava um pouco mais do meu lado na cama, com um ar de quem queria conversar, sempre com alguma ideia, pensamento ou proposta para o nosso dia ou para o nosso futuro. Eu ria e desviava o olhar. Ele dizia que eu tinha pouca fé. Naquela época, eu tinha mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um dia ele encontrou uma roupa minha embolada no meio das roupas dele e me contou o que sentiu: disse que tinha gostado daquela sensação e que se sentiu feliz por eu estar na vida dele. Era simbólico ter minhas coisas misturadas as dele. Foi uma das coisas mais bonitas que alguém já me disse. Fiquei imaginando a cena... Acho que foi o mesmo que senti quando um dia me dei conta das nossas escovas de dente juntas no mesmo copo no banheiro. Não, não significava que estávamos casados ou que íamos casar. Era maior que isso e só nós sabíamos daquela aliança. Meu coração se encheu de alegria. Olhei no espelho e sorri para moça que estava lá. Ela sorriu para mim. Depois disso, amei algumas vezes, mas nenhum outro amor teve essa eternidade capturada e revelada naqueles fragmentos de horas daquelas manhãs.</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-83896409918268142472013-09-14T18:49:00.000-03:002013-09-14T18:51:00.655-03:00Sobre pássaros e poemas"Os poemas são como pássaros voando pelo céu... Eles voam em nossa imaginação. O pouso dos pássaros no chão são como os poemas que pousam em nossas mãos. Enquanto os pássaros se alimentam de grãos de milho, os poemas se alimentam da leitura da vida."<div>
(Luna Cruz. Abril/2011 - com 10 anos)</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-85958701996675718012013-09-14T18:22:00.001-03:002013-09-14T18:22:36.199-03:00Sobre históriasSou uma página em branco. Quem chega me escreve junto comigo. Porque não gosto de contar histórias sozinha.Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-81450583984234847882013-08-25T20:43:00.004-03:002013-08-25T20:43:57.490-03:00VigíliaBrancas noites e muitas horas...<br />O dia finda quando começa.<br />Amor é vigília sem fim.<br />Vigília sem amor é o fim.Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-27124603549991663772013-07-22T01:11:00.000-03:002013-07-23T11:36:57.757-03:00Irreversível - começa onde termina.<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-iDM87cgKxxo/Ue6TN7KenTI/AAAAAAAAAMU/EJ-lba5_wjA/s1600/970623_575640865812730_1889889008_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="281" src="http://1.bp.blogspot.com/-iDM87cgKxxo/Ue6TN7KenTI/AAAAAAAAAMU/EJ-lba5_wjA/s400/970623_575640865812730_1889889008_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;"><i>(desconheço a autoria da ilustração)</i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;"><i><br /></i></span></div>
Abraçaram-se rapidamente, sem delongas. Despediram-se apressadamente, como se ele fosse voltar logo mais à noite para o jantar. Estava atrasado para pegar o voo, que não houve tempo de promessas românticas, nem de refletir o futuro que, possivelmente, não existiria. Sem dramas, porque não havia tempo. Mas aquela altura, ela já o conhecia muito bem, o suficiente de sua nobreza, de seu caráter e de seus sonhos, para entender e prever um pouco da irreversibilidade do destino: fora fisgada e agora, era dele o coração dela. Sentiu medo. Há algum tempo andava fugindo das armadilhas do amor. Disfarçou.</div>
<div style="text-align: justify;">
Então, sentou o pé no acelerador para viver aquelas horas que lhe foram dadas como um prêmio de loteria com validade. Escolheu viver aquelas poucas-muitas horas eternas. Arriscou mais uma vez atirar-se à felicidade dos amores incertos. Por via das dúvidas, equipou-se com seu paraquedas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Durante toda a manhã haviam caminhado pela orla com uma intimidade que, embora conquistada às pressas, revelava uma vida inteira de benquerenças guardadas, pois que há tempos ambos esperavam dar e receber com verdade no coração. E ali, naquelas poucas-muitas horas, procuraram entregar-se um ao outro em verdade. Tomaram sorvete como dois namorados apaixonados que se tornaram naquela manhã e caminharam abraçados. Riram e conversaram com desembaraço. Ele contou ofegante sobre os acontecimentos mais marcantes de sua vida. Ela já sabia de tudo por pura simbiose de almas e o sentia sinesteticamente. E assim, ouviu-o com o seu corpo inteiro e com o coração, e,ponderou com afeto. Queria que ele sentisse que agora estava protegido para o resto da vida na vida dela, ainda que o resto da vida tivesse bilhete de partida comprado, com hora marcada para embarque. Sentaram-se ao ar livre e aconchegaram-se um no colo do outro. Ele se deitou no colo dela como se já o reconhecesse de antes e tatearam os rostos um do outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ela lhe preparou o café. Estava meio desastrada, como de praxe quando dormia pouco. Minutos antes, acordou-o com um beijo e lhe falou baixinho ao ouvido - "já são nove horas". Ele a abraçou com felicidade. Talvez a felicidade fosse mais dela do que dele, mas era confortável pensar que ele estava feliz por tê-la tão perto depois de tanto tempo distantes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Dormiram pouco. Fizeram amor com intensidade, envolvimento, consentimento e desejo e conversaram por uma eternidade na penumbra do quarto, à luz da vela acesa. Que estranha aquela intimidade antiga, embora recente, ela pensou. Abraçaram-se e beijaram-se longamente. E por um lapso, ela quase desejou morar no beijo suave dele e naquele abraço para sempre. Mas logo recuperou a lucidez, vigiou os pensamentos e voltou para o presente. Para sempre era tempo demais para caber naquela noite! Estava feliz com o que já haviam conquistado.</div>
<div style="text-align: justify;">
A verdade é que ela desejou um milhão de coisas secretas naquela noite, inclusive que não terminassem eles junto com a noite. Havia preparado o quarto com carinho para que lhe parecesse acolhedor. Perfumou-se, vestiu-se de coragem, enfeitou-se com um pouco de sonho guardado e maquiou-se com pó de brilho nos olhos, que já fazia tempo não usava... E saiu para encontrá-lo em sua chegada. Dele quase nada sabia e no entanto, já o sabia em essência. Confiou na intuição.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele remarcou a passagem e dessa vez não se atrasou. Chegou de avião, pois que suspeitou que ela não acreditava em homens montados em cavalos brancos. Combinaram que se reconheceriam pela cor dos paraquedas um do outro, já que ele, como ela, também por medo de quedas muito altas, também não se descuidava do uso do acessório de segurança, em caso de vôos altos. Desembarcou. E quando ele a viu pelo vidro da sala de desembarque, jogou um beijo de reconhecimento e sorriu. Caminhou até ela e se entregaram num longo abraço de saudade, como se em sua chegada, já estivessem também se despedindo, ela sabia. Abraço longo e caloroso... Saudade de muito! Sabiam antes de tudo que aquela história não começava com amor, mas com uma saudade antecipada. Era uma linda história de saudade! Pois que conheceram a saudade antes mesmo do amor.<br />
Ela o havia esperado, disfarçando a ansiedade. Pessoa de hábitos incomuns, ela criava borboletas no estômago e naquela semana o seu borboletário tinha se proliferado, de modo que as borboletas no estômago tinham todas saído do casulo e estavam nervosas e alvoraçadas. Ele perdeu o voo e voltou pra casa chateado. Ela continuou como sempre estivera, havia bastante tempo: só com seus sonhos e delicadezas da alma. Tirou os sapatos, trocou a roupa, limpou a maquiagem do rosto, guardou sua poesia, os paraquedas do medo; deitou-se e dormiu um sonho que era só dela. Voltou a ser o que era sempre: encantada.</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-57490371384245110722013-07-17T17:59:00.001-03:002013-07-17T18:12:13.486-03:00LembretePara você que chega de repente sem me saber completamente: não esqueça o balão a gás e o dicionário. O balão é para me tirar do chão e o dicionário para que nunca nos faltem palavras de delicadeza.Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-88371370648253845092013-07-17T17:35:00.001-03:002013-07-17T17:51:25.952-03:00Sobre meninas que crescem<div style="text-align: justify;">
Há alguns anos (diria, muitos anos), durante a primeira grande viagem que eu fiz para fora e para dentro de mim mesma, o meu melhor amigo me disse pela primeira vez "você ainda vai ser uma grande mulher!". Depois, por anos, de alguma forma, ele dava um jeito de me repetir isso sempre que eu compartilhava com ele minhas conquistas, angústias e frustrações. E a cada vez e a cada ano em que ele me dizia isso, era como se ele me dissesse que eu já tinha crescido alguns centímetros naquele exercício de me tornar uma grande mulher. E foi assim, que de centímetro em centímetro, eu não sei dizer se de fato, fui crescendo, mas fui mudando. Hoje já não o ouço mais dizer que serei uma "grande mulher". E eu não sei se já cresci o suficiente pra ser grande assim (ao menos em estatura sei que não).</div>
<div style="text-align: justify;">
Com o tempo entendi que o que o meu amigo queria dizer com "ser uma grande mulher" não era exatamente que eu seria uma grande empresária ou uma chefe de estado ou alguém famosa, mas alguém que conquistasse a si própria, que fosse forte o suficiente para superar as adversidades da vida e principalmente que aprendesse a se defender de qualquer tipo de agressão. Grande e bom amigo que era por toda uma vida, ele conhecia tão bem minhas fragilidades, tanto o quanto também acreditava nas minhas potencialidades. E afinal, para que serve um amigo de verdade se não for também para sinalizar nossas atitudes diante da vida?</div>
<div style="text-align: justify;">
Até hoje tenho diálogos incríveis e memoráveis com ele. Outro dia, percebendo, pelo meu discurso, que muitos sonhos haviam adormecido ou mesmo estavam amargurados em mim, ele me disse: "queria que você não esquecesse a menina que existe em você!" Aquilo me soou contraditório, afinal, não era uma "grande mulher" que ele almejava ver em mim um dia? Eu lhe respondi: "não posso sentir falta do que um dia já fui, porque não sou mais aquela. E a vida também não é mais tão simples. Tenho problemas de gente grande". Ele retrucou: "só estou te dizendo para não deixar uma mulher amarga ocupar o lugar da menina que morreu". Devolvi brincando, para quebrar a seriedade daquela conversa: "não se preocupe, uma vez por ano eu brinco carnaval". E então, pensei o quanto malabaristas e versáteis nós, mulheres, temos que ser nessa vida: ser de ferro, sem deixar de ser pétala. Eis a alma feminina, que poderia ser aprendida e praticada por muitos homens.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pois que sei que mora em mim uma menina de vinte anos. Mas ultimamente, me sinto gigante. Será que cresci ou será só mais uma fantasia de menina? Oh, mãe, me explica, me ensina!<br />
<i><br /></i>
<i>Belém, 08 de março, 2013. Dia internacional das Mulheres.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>(Sei que o dia de hoje é lembrado por questões coletivas muito maiores, mas dedico este singelo texto - escrito sob licença literária sobre diálogo com um amigo - a todas as amigas guerreiras, mulheres que batalham por casa, filhos, pais, empresa, amor, causas sociais etc, mas que não deixam morrer a linda menina que existe dentro de cada uma.)</i><br />
<br /></div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-24291026511400972872013-06-30T02:50:00.002-03:002013-06-30T16:00:12.449-03:00Tudo era uma vez<div style="text-align: justify;">
Não sou Cinderela e não viro princesa. Tudo que começa eu descomeço para começar de novo. O que acabou, nem começou. E se não começa, não acaba. Sou palavra, às vezes ponto. Reticências. Era uma vez...</div>
<div style="text-align: justify;">
Tenho medo de baratas, mas não tenho medo de dragões. Enfrento uma batalha se preciso for, escalo torres, desbravo masmorras, enfrento exércitos. Como disse, não sou Cinderela, nem Bela Adormecida e acordo cedo pra fazer o café.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sou aquilo que ninguém quer ver e a única forma de me conhecer de verdade é sabendo tudo o que não sou; é me procurando aonde não estou... É isso: eu sou o que não sou. E tudo que sei do mundo é que ele é grande, tem céu e mar. E tudo que sei do amor é que sapos existem, mas príncipes não. E eu que não sou princesa, vivi o conto ao revés e fui beijada de morte sem ter comido a maçã.<br />
Acho que vou descomeçar de novo. Senta que vai começar a história "era uma vez..."</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-73080012535114067532013-06-16T20:08:00.002-03:002013-06-16T20:18:36.134-03:00A tal da química do amor<div style="text-align: justify;">
Muita gente filosofa por aí sobre o amor. Muita gente gosta de opinar sobre a vida amorosa do outro, sugerindo o que é certo ou errado. Muita gente vem com frases de pára-choque de caminhão pra explicar o inexplicável. Eu só sei de uma coisa: amor precisa de atenção, cuidado, disposição, tempo, respeito etc etc etc. Mas se não rolar a tal da química, todo o resto não vai rolar. E pra isso não tem muita explicação. Não adianta ser lindo, alto, gostoso, intelectual, inteligente educado, divertido. Até que tudo isso pode ser o que te atraiu na pessoa, mas o que estou tentando dizer é que o amor depende muito mais de uma coisa mágica e invisível que tentamos explicar e não conseguimos do que de um ato voluntário, uma decisão, uma escolha voluntária propriamente dita. O mundo seria perfeito se assim fosse. Aliás, acho que seria um mundo muito chato, com todo mundo com cara de comercial de margarina. No mundo real as coisas são assim: tem alguém que quer ficar com você, mas você gosta de mim e eu gosto de outro que está feliz com outra porque entre eles rolou a tal da química que não rolou entre ele e eu, nem entre eu e você e que acabou entre você e aquela que queria ficar com você antes de você se apaixonar por mim! Sacou como é que é? É mais ou menos um jogo de sorte. Disposição para amar a gente sempre tem, tempo para amar a gente arruma, argumentos pra manter uma relação a gente inventa, mas tudo isso só vai rolar se tiver "química", essa coisa que não tem explicação! </div>
<div style="text-align: justify;">
Então, enquanto não rolar a química, eu também gosto muito, mas muito mesmo da minha relação com a solidão, enquanto aquele carinha que eu super curto está feliz com o seu amor e não há nada a explicar ou a fazer, porque uma hora acontece pra todo mundo. E eu já passei da idade de ficar de "mimimi" por causa de uma desilusão amorosa. Até a sofrer a gente aprende com a maturidade! E assim caminha a humanidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
O fato é que você pode ser a pessoa mais perfeita do mundo; você pode jogar pétalas de rosas de um helicóptero sobre a cabeça da pessoa amada, mas nada do que você faça ou fale de bom vai adiantar pra que o pretenso romance dê certo. Não existem culpados. É só um fato corriqueiro da vida que temos que aceitar sem muito drama. Pessoas precisam aprender a administrar suas carências. Eu por exemplo, não estou interessada na euforia falsa do outro, que no fundo é só mais uma forma de solidão e carência. Falo porque já estive do lado de lá, procurando diversão, estar sempre rodeada de pessoas, vivendo superficialidades... Simulacros de felicidade. Até que um dia, com um pouco de disposição, a gente acorda, reduz a velocidade e admite que euforia não é felicidade, mas a busca dela... de forma equivocada! É nesse momento que, repito, se você tiver disposição, inicia-se um processo de reforma interior, de autoconhecimento que pode até ser doloroso por algum tempo, mas que será revelador e edificante. Hoje posso dizer, se não posso determinar por quem me apaixonar, posso escolher a minha solidão, esta sim, uma decisão, e ficar bem com ela. </div>
<div style="text-align: justify;">
É muito bom quando encontramos alguém pra dividirmos coisas e sentimentos, não por necessidade, mas pelo prazer da companhia. Mas é muito bom também quando aprendemos a ficar só e bem conosco mesmo. É como entrar em comunhão com esse valor maior, mais espiritualizado, redescoberto dentro da gente. Acho que por isso tenho a mania de me apaixonar por pessoas libertárias, embora tenham suas idiossincrasias - todo mundo as tem - mas que não se deixam confundir em suas necessidades e por isso conseguem ser intensas, sem serem ansiosas ou eufóricas, porque sabem bem o que procuram.</div>
<div style="text-align: justify;">
Reduzir a velocidade, aprender a ficar mais em silêncio e ouvir mais as verdadeiras necessidades interiores, respeitar nossos sentimentos e nosso corpo; aprender a ouvir mais nossa intuição... isso ensina a gente a ser mais observador e reconhecer ou antecipar coisas e situações desnecessárias para a nossa vida.</div>
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Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-46764606139080263942013-06-12T17:32:00.001-03:002013-06-12T17:38:21.684-03:00Amo devagar<div style="text-align: justify;">
Sempre fiz o tipo "rebelde" e aprendi as coisas da vida pelo caminho contrário e mais doloroso, meio às avessas, para só depois aprender o certo. Não aprendi amar, por exemplo, sem me arriscar, sem me molhar, sem me atirar em quedas livres ou sem perder o ar. Não que amar desse jeito fosse totalmente errado, mas amar para mim sempre foi um mergulho profundo e talvez por isso, eu tenha me afogado em mágoas tantas vezes e quase morri afogada para sentir tudo até a última gota.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas com o tempo, de tanto praticar esportes radicais, aprendi a usar equipamentos de segurança, escafandros, paraquedas e capacetes. Afinal, nunca se sabe aonde vai dar a aventura. Melhor previnir!<br />
E assim, fui aprendendo de trás para frente, que amor, amor mesmo, é quele que começa de mansinho, naquele treino diário, tal qual quando começamos uma atividade física depois de tantos anos de sedentarismo, primeiro aquecendo os músculos, e só depois, aumentando a carga. Com o tempo, nossa performance vai melhorando e vamos nos sentindo mais dispostos e mais preparados para treinos mais intensos. Pois que aprendi que amor bom é esse em que nos permitimos começar aos poucos, com o aquecimento do músculo, nesse caso o coração, e assim vamos descobrindo o outro aos poucos, sem a pressa das paixões avassaladoras, que rápido se desgastam, embora tenham seus sabores.<br />
Aprendi a desconfiar de amores instantâneos, desses que chegam ditando as regras, fazendo promessas, erguendo castelos em dois tempos. Desconfio dessa carência e urgência do outro, pois que também eu já fui assim e não era amor, era carência, urgência de suprir a solidão. Mas a um certo passo da vida, refleti sobre a durabilidade e eternidade de algumas relações de amor que preservo até hoje no campo das amizades, afinal, não há amor mais cúmplice e verdadeiro do que o amor de um amigo que nos acompanha há 15, 20, 30 anos... É que amor em qualquer de suas formas, seja no âmbito sexual ou da mera amizade, é sempre construção e, uma casa forte e segura precisa de tempo pra ficar pronta. E foi refletindo sobre essa construção, que se ergue para além da atração sexual e, às vezes até nascida a partir dessa atração, a amizade, que pude entender que amor não é explosão, mas construção, de confiança sobretudo. Hoje, tenho a certeza de que todas as minhas grandes amizades construídas e fortalecidas até aqui, só o são porque tivemos tempo para nos conhecer, aprender as manias, os gostos, os defeitos um do outro e assim, também aprender a respeitar o espaço e o tempo de cada um e a perdoar seus erros. E perdão é um capítulo delicado do amor, só possível quando conhecemos tão bem a natureza do outro que errou conosco, por um descuido, nunca por leviandade ou crueldade. Então entendi que o amor entre duas pessoas, que extrapola as cercanias da simples amizade, esse amor que envolve enlace, cama, mesa, sonhos, planos de vida a dois e cotidiano, também não deveria ser em nada diferente do amor de uma grande amizade, nem em grandeza, nem em "boniteza", nem em respeito e altruísmo. Pois que muitas vezes, conseguimos ser mais benevolentes e solidários com um amigo, do que com um companheiro ou companheira que vive conosco.<br />
Então, eu desacelerei. E comecei por aprender a caminhar sozinha e a gostar mais de mim, da minha própria companhia, a fazer planos que só diziam respeito aos meus sonhos, como ter o meu próprio lar. Comecei a arrumar a minha casa como quem arruma o coração (ou seria o contrário?)... Vai que de repente, chega uma visita inesperada?!<br />
Fato é que desisti dos esportes radicais. Hoje tenho preferido os menos perigosos, que em outras palavras quer dizer apenas que vivo um dia de cada vez. Ainda assim, mantenho o kit de segurança sempre na mala durante as viagens. Sim, porque ainda gosto de viajar e de aventuras que mexem com a adrenalina! Mas a vida deu voltas e me ensinou a não ter pressa, que amar deve ser leve, o que não significa, menos verdadeiro. E foi assim que, aos poucos, eu já não queria amores que me tirassem o ar, porque o amor de verdade é cheio de ar, de vida. Hoje, no campo dos afetos, meus esportes preferidos são andar de bicicleta, passear de nuvem, jogar risada fora, caminhar de mãos dadas na praia...<br />
Por via das dúvidas, mesmo em dias de sol, ando com o meu guarda-chuva! Vai que chove...<br />
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/--7YSjKKTvFk/UbjaKh0sAaI/AAAAAAAAALw/DJm9T1bE5fU/s1600/312006_273915202708854_348667353_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="246" src="http://4.bp.blogspot.com/--7YSjKKTvFk/UbjaKh0sAaI/AAAAAAAAALw/DJm9T1bE5fU/s320/312006_273915202708854_348667353_n.jpg" width="320" /></a></div>
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Michelle Cunha. (2011)</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-70943176798687178972013-06-12T09:55:00.001-03:002013-06-12T10:40:41.266-03:00O Beijo<div style="text-align: justify;">
Quero morar na tua boca, de onde saem as palavras. Quando calam, as palavras são os beijos. Quando beijam, as palavras são molhadas. Quando te beijo, tudo é desejo.<br />
E como da primeira vez, o mundo se desintegra ao redor e tudo que vejo, de olhos fechados, são as estrelas do céu da tua boca!</div>
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</div>
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-KWf8yks3phc/Ubhs-mOW8UI/AAAAAAAAALg/pjOmbMcPaYk/s1600/o-beijo-gustav-klimt.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-KWf8yks3phc/Ubhs-mOW8UI/AAAAAAAAALg/pjOmbMcPaYk/s320/o-beijo-gustav-klimt.jpg" width="315" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Gustav Klimt. (1907-08)</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-10662803867358108402013-06-09T22:41:00.003-03:002013-06-09T22:44:10.443-03:00Escolha<div style="text-align: justify;">
Hoje eu escolho ser feliz. Só hoje. Vou armada de coragem e sorriso, apesar das adversidades no caminho, das dores do mundo, das saudades latentes, da vida contraditória, do amor ausente. Não importa. Hoje, apesar de tudo, só hoje eu vou ser feliz. Mas é preciso coragem.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sigamos em frente!</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-71133161942675825612013-06-09T22:33:00.001-03:002013-06-09T22:44:46.375-03:00Recado<div style="text-align: justify;">
Quando eu abrir a porta da minha casa para você e te oferecer de presente o meu tesouro, coisas que são muito minhas - minha fé, meu tempero, minha gente, minha música ou minha cria -, tenha a gentileza de só entrar com o coração puro e se desejar ficar guardado em mim para além de um evento banal. Não seja relapso, nem leviano, que minha casa e meu coração são solos sagrados. Tire os sapatos!</div>
<div style="text-align: justify;">
(2011)</div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-37019681387635232852013-06-09T22:26:00.000-03:002013-06-09T22:45:22.983-03:00Sobre cicatrizes... E as respostas vieram muitas, de todos os cantos. Todas me rasgaram a alma e me fizeram uma sangria. Mas para renascer é preciso antes morrer. E hoje velei e enterrei a princesa e seu castelo de areia. Renascerei em mim melhor do que antes, melhor do que fui pra ti. E melhor do que foste para mim.<br />
<br />
(2011)Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-2839272309565345582013-01-18T02:23:00.001-03:002014-06-17T13:35:56.828-03:00Era tudo ou quase nadaSabiam tudo um do outro:<br />
Eram deliciosos juntos!<br />
Era o bastante.<br />
Era muito!<br />
... E se amavam sem precisar saber de mais nada.<br />
<i>(para Jujuba)</i><br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/enPcHbQms20" width="459"></iframe>Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-48765051613434325352013-01-12T17:49:00.001-03:002013-07-20T05:17:48.532-03:00Mini-crônica do avião.<div style="text-align: justify;">
Chovia bastante naquele dia e quase ninguém percebeu que ela, como a cidade chorava. Motivos diversos, os dela eram de uma alegria melancólica. Quando naquela tarde, a comadre-amiga se despediu dela na porta do edifício Malibú e ela deu o último abraço também naquela cidade, sentiu a alma tremer de uma saudade antecipada. A viagem tinha sido maravilhosa: muitos passeios, paisagens e diversão, mas principalmente, o que mais gostava dessas horas era poder reafirmar os seus laços. Há tempos, não sabia quando exatamente, adquiriu o hábito de contar nos dedos os anos de cumplicidade e afeto com alguns fiéis amigos. E felicidade maior era se dar conta que os dedos da mão já não eram suficientes para a conta! Que amigos incríveis tinha! E que agora também podia compartilhá-los com sua filha e alimentava esperanças de que a pequena aprendesse naquele convívio a grandeza de uma amizade verdadeira.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No caminho para o aeroporto a cabeça fervilhava com todos aqueles momentos devidamente fotografados que ela, compulsiva por registros, colecionava como figurinhas de um álbum infantil imprescindível. Por um instante pensou em perguntar para a filha "você gostou da viagem?". Mas guardou para si a pergunta e voltou a olhar pela última vez a paisagem molhada da Avenida Atlântica, com um singelo sorriso no canto dos lábios e olhos mareados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já no avião, fechou os olhos, fez uma prece e agradeceu. Pediu um fone de ouvido à comissária de bordo, sintonizou de pronto a rádio 5 que tocava "Canção da América" (aquela que diz que "amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração..."). Não acreditou naquilo. Olhou para os lados para ver se não estava sendo filmada e pensou "isso só pode ser uma pegadinha ou uma ação de marketing" daquelas que as empresas aéreas fazem em dia dos namorados ou final de ano e que ela já tinha visto na internet ou em revistas televisivas. Mas não era. E ela chorou e sorriu mais uma vez. Os amigos estavam lá, no lugar de sempre. Ela estava nas nuvens! Voou sossegada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>(Para os poucos que sabem muito da minha vida e me conhecem bem. Pessoas que passado anos, permanecem no mesmo lugar, me aceitam do jeito que sou, cada um a sua maneira e que não preciso citar nomes, eles se sabem. Amigo é coisa pra se guardar...)</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/OlcQE4NeXow" width="459"></iframe>Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-65450609226814092292012-12-27T23:58:00.001-03:002012-12-27T23:58:49.021-03:00"Meu Aniversário"<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="http://www.youtube.com/embed/ZpYwvULsXHc" width="480"></iframe><br />
<br />
Hoje é meu aniversário<br />
Corpo cheio de esperança<br />
Uma eterna criança, meu bem<br />
Hoje é meu aniversário<br />
Quero só noticia boa<br />
Também daquela pessoa, oba<br />
<br />
Hoje eu escolhi passar o dia cantando<br />
De hoje em diante<br />
Eu juro felicidade a mim<br />
Na saúde, na saúde, juventude, na velhice<br />
Vou pelos caminhos brandos<br />
A minha proposta é boa, eu sei<br />
De hoje em diante tudo se descomplicará<br />
Com um nariz de palhaço<br />
Rirei de tudo que me fazia chorar<br />
Cercada de bons amigos me protegerei<br />
Numa mão bombons e sonhos<br />
Na outra abraços e parabéns<br />
<br />
Quero paparicações no meu dia, por favor<br />
Brigadeiros, mantras, músicas<br />
Gente vibrando a favor<br />
Vamos planejar um belo futuro pra logo mais<br />
Dançar a noite toda<br />
Fela Kuti, Benjor e Clara<br />
<br />
Parabéns, Bianca!<br />
Parabéns, Felipe!<br />
Parabéns, Micael!<br />
Parabéns, Mateus!<br />
Parabéns, Artur!<br />
Parabéns, Luisa!<br />
Parabéns, eu! Parabéns, eu!<br />
<br />
Parabéns, Brendon!<br />
Parabéns, Guiga!<br />
Parabéns, Mayanna!<br />
Parabéns, João!<br />
Parabéns, Duda!<br />
Parabéns, Dri!<br />
Parabéns, eu! Parabéns, eu!Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-39195504227901481182012-12-26T15:19:00.000-03:002014-06-17T13:51:37.583-03:00Alado<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ojQzEAP0eJw/UNs_FXTmYQI/AAAAAAAAALI/INdGLWmF4oY/s1600/184537_4149975316609_317973132_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ojQzEAP0eJw/UNs_FXTmYQI/AAAAAAAAALI/INdGLWmF4oY/s320/184537_4149975316609_317973132_n.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: xx-small;">Foto: Silvana Saldanha</span><br />
<span style="font-size: xx-small;"><br /></span>
Fez o ninho em minha cabeça e agora habita meus pensamentos.<br />
Às vezes voa para o sul dos sonhos.<br />
Noutras, acha o meu norte.<br />
Ele tem asas.<br />
<i>(para Jujuba)</i>Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-22706846434578731552012-10-16T12:44:00.001-03:002012-10-16T19:53:33.664-03:00Contando bináriosNão conto tempo.<br />
Conto olhares.<br />
Relógio que marca as entregas -<br />
quando estamos ou não estamos.<br />
E de repente, uma lua passou.<br />
Ele não.<br />
E aqui eu fico<br />
Com meus olhos acesos,<br />
contando binários:<br />
0... 1 ...<br />
sim e não...<br />
tudo ou nada...<br />
ligado... desligado<br />
0... 1...<br />
Uma lua passou por nós...<br />
Ou fomos nós que passamos por ela?<br />
<br />
<i>(Out/2012)</i>Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6062756466595808988.post-39990002060628607772012-09-30T18:13:00.001-03:002013-01-18T01:16:10.513-03:00COMO SE FOSSE MÚSICA<div style="text-align: justify;">
E de olhos fechados eu te olhava</div>
<div style="text-align: justify;">
e sorria</div>
<div style="text-align: justify;">
como se fizesses cócegas<br />
na minha alma.</div>
<div style="text-align: justify;">
E com a pele em flor eu dizia o teu nome</div>
<div style="text-align: justify;">
e te ouvia</div>
<div style="text-align: justify;">
como se tocasses em mim<br />
um instrumento.</div>
<div style="text-align: justify;">
E como se fôssemos noite, nos esquecemos.</div>
<div style="text-align: justify;">
e amanhecemos</div>
<div style="text-align: justify;">
gotas de orvalho, úmidos,<br />
nos percorremos...</div>
<div style="text-align: justify;">
E como se fôssemos juntos, ficamos</div>
<div style="text-align: justify;">
e ainda estamos</div>
<div style="text-align: justify;">
no meio do rio que nos atravessa...<br />
correnteza. Fomos levados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aonde eu, em ti, era só um desejo.<br />
Música que se ouve ao longe,<br />
que vem no vento<br />
e não se detém.</div>
<div style="text-align: justify;">
E como se fosses música ainda reverberas em mim...<br />
Melodia<br />
no meio do dia...<br />
era meu o dia.<br />
<br />
<i>(Set/2012)</i></div>
Lugar do Afetohttp://www.blogger.com/profile/14959789888277073959noreply@blogger.com0