segunda-feira

Quase

Saí na madrugada pisando em flores. Era bonito o jardim em que havíamos plantado sinceridade e lealdade. E era bonita a nossa verdade que até parecia um "quase amor" de verdade - amor pequenino, assim, distraído, mas amor, enfim, algum (que nos alegrasse). Quem sabe não fosse mesmo verdade, se amar é um bem querer e nisso éramos cúmplices?

Era bonito aquele moço com sua verdade, que mesmo quando ela doía nele e em mim também, era quando mais eu o admirava e ele crescia dentro de mim. Mas é difícil definir o lugar de um quase amor, embora verdadeiro e sincero. O quase amor é grande para caber na paquera, no flerte etc e insuficiente para caber dentro do namoro, do casamento etc. Ele cabe apenas numa quase relação, num quase namoro, um quase qualquer coisa de quase todo dia. Às vezes, de quase grande é quase nada.

Saí na madrugada sem olhar pra trás, apenas pisando nas flores macias do nosso jardim quase perfeito. E naquela noite plantamos novos e lindos canteiros. Talvez floresça alguma gratidão (e eu sempre vou acreditar que só tem gratidão quem ama algum amor ou "quase amor". Sou grata.).

Não tive coragem de olhar pra trás. Mais uma vez fiz isso. Sou assim. Era mais bonita a lembrança do corpo dele no meu, do cheiro dele na minha roupa, da verdade dele na minha, do que o quase adeus que não dei.

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