terça-feira

Sobre princesas aprisionadas

Quando eu voltar, já serei outra e não mais aquela que te deu a chave do meu coração e que você, por descuido, doença ou falta de poesia, perdeu. Com um pouco de sorte haverá um chaveiro de plantão nessa estrada de sofreguidão para moldar outra chave que me liberte da tua masmorra, onde eu mesma, por vontade de amor e desejo dos teus olhos me aprisionei.

Quando eu voltar do fundo desse calabouço, verás a mim em todas as janelas, de onde não te jogarei as tranças e de onde te verei sapo, plebeu ou vaga lembrança, nunca mais príncipe.

Ainda assim, talvez nesse dia eu te beije a face com ternura. E tu - sapo, plebeu, príncipe ou vaga lembrança - me dispensarás algum esforço e delicadeza em me fazer crer que eu haverei sido para ti qualquer coisa que te lembrasse um amor de verdade. Ficarei grata em me libertares da tristeza de nunca haver sido amada por ti.




Nenhum comentário: