sexta-feira

Sobre coragem

Era a coragem o que diferenciava aquele amor de todos os outros. E se tinha coragem, tinha a grandeza de assumir também a fragilidade humana de quando em vez para que fosse possível também a delicadeza do perdão entre os dois.
Nestes dias em que ela experimentava o pôr-do-sol irradiar beleza na sacada do apartamento dele, iluminando os sonhos dela, ela, agora se adaptando aos poucos a uma nova descoberta da vida entre eles, ia tateando as coisas da casa com o cuidado desajeitado de quem ainda está aprendendo a andar, como se buscasse sentir cada detalhe daquela acolhida, não com os olhos, que às vezes não vê mais do que está posto, mas com o coração e a intuição de quem ama e se sente amada. Estar ali, e pra onde iriam a partir de então, ela sabia, havia sido de uma coragem nunca experimentada antes.
Estava feliz. Arrumou a mesa para esperá-lo: dois pratos, dois talheres, dois copos, um amor cheio de coragem. Nem mesmo sabia se jantariam em casa naquela noite, mas era simbólico ter a mesa arrumada com esmero.

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