domingo

A tal da química do amor

Muita gente filosofa por aí sobre o amor. Muita gente gosta de opinar sobre a vida amorosa do outro, sugerindo o que é certo ou errado. Muita gente vem com frases de pára-choque de caminhão pra explicar o inexplicável. Eu só sei de uma coisa: amor precisa de atenção, cuidado, disposição, tempo, respeito etc etc etc. Mas se não rolar a tal da química, todo o resto não vai rolar. E pra isso não tem muita explicação. Não adianta ser lindo, alto, gostoso, intelectual, inteligente educado, divertido. Até que tudo isso pode ser o que te atraiu na pessoa, mas o que estou tentando dizer é que o amor depende muito mais de uma coisa mágica e invisível que tentamos explicar e não conseguimos do que de um ato voluntário, uma decisão, uma escolha voluntária propriamente dita. O mundo seria perfeito se assim fosse. Aliás, acho que seria um mundo muito chato, com todo mundo com cara de comercial de margarina. No mundo real as coisas são assim: tem alguém que quer ficar com você, mas você gosta de mim e eu gosto de outro que está feliz com outra porque entre eles rolou a tal da química que não rolou entre ele e eu, nem entre eu e você e que acabou entre você e aquela que queria ficar com você antes de você se apaixonar por mim! Sacou como é que é? É mais ou menos um jogo de sorte. Disposição para amar a gente sempre tem, tempo para amar a gente arruma, argumentos pra manter uma relação a gente inventa, mas tudo isso só vai rolar se tiver "química", essa coisa que não tem explicação! 
Então, enquanto não rolar a química, eu também gosto muito, mas muito mesmo da minha relação com a solidão, enquanto aquele carinha que eu super curto está feliz com o seu amor e não há nada a explicar ou a fazer, porque uma hora acontece pra todo mundo. E eu já passei da idade de ficar de "mimimi" por causa de uma desilusão amorosa. Até a sofrer a gente aprende com a maturidade! E assim caminha a humanidade.
O fato é que você pode ser a pessoa mais perfeita do mundo; você pode jogar pétalas de rosas de um helicóptero sobre a cabeça da pessoa amada, mas nada do que você faça ou fale de bom vai adiantar pra que o pretenso romance dê certo. Não existem culpados. É só um fato corriqueiro da vida que temos que aceitar sem muito drama. Pessoas precisam aprender a administrar suas carências. Eu por exemplo, não estou interessada na euforia falsa do outro, que no fundo é só mais uma forma de solidão e carência. Falo porque já estive do lado de lá, procurando diversão, estar sempre rodeada de pessoas, vivendo superficialidades... Simulacros de felicidade. Até que um dia, com um pouco de disposição, a gente acorda, reduz a velocidade e admite que euforia não é felicidade, mas a busca dela... de forma equivocada! É nesse momento que, repito, se você tiver disposição, inicia-se um processo de reforma interior, de autoconhecimento que pode até ser doloroso por algum tempo, mas que será revelador e edificante. Hoje posso dizer, se não posso determinar por quem me apaixonar, posso escolher a minha solidão, esta sim, uma decisão, e ficar bem com ela. 
É muito bom quando encontramos alguém pra dividirmos coisas e sentimentos, não por necessidade, mas pelo prazer da companhia. Mas é muito bom também quando aprendemos a ficar só e bem conosco mesmo. É como entrar em comunhão com esse valor maior, mais espiritualizado, redescoberto dentro da gente. Acho que por isso tenho a mania de me apaixonar por pessoas libertárias, embora tenham suas idiossincrasias - todo mundo as tem - mas que não se deixam confundir em suas necessidades e por isso conseguem ser intensas, sem serem ansiosas ou eufóricas, porque sabem bem o que procuram.
Reduzir a velocidade, aprender a ficar mais em silêncio e ouvir mais as verdadeiras necessidades interiores, respeitar nossos sentimentos e nosso corpo; aprender a ouvir mais nossa intuição... isso ensina a gente a ser mais observador e reconhecer ou antecipar coisas e situações desnecessárias para a nossa vida.

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